GuArDo Te (italiano) = do verbo GuArDaRe, olhar, observar. GuArDo-TE (português) = do verbo GuArDaR, alojar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Nono


Confesso que sempre tive muito orgulho nele.

Numa terra que vive da agricultura e da construção civil, eu dizia aos meus amigos que o meu avô era chefe de estação da CP.
O meu primo então exagerava e contava que era o dono dos comboios todos loOl


Da infância
lembro-me de um homem austero, sem ser frio, mas que raramente sorria.
Com a adolescência, descobri o galhofeiro que oferece sempre um copo do seu vinho caseiro em copos guardados num móvel da adega.


Há duas coisas que se podem aprender com ele.
A primeira é o respeito pelos mais velhos.
Nunca permitiu que o tratasse por tu ou dissesse ãh?
Tinha que ser você e diga?
Dá tudo o que pode dar.
Desde que lhe peçam primeiro e com educação.


A segunda é a justiça e a igualdade.
Sempre que dá alguma coisa é a todos e em partes iguais.


A primeira vez que o vi chorar tinha eu 21 anos.
Estava prestes a partir para Itália.
Foi aí que conheci o meu avô por dentro.


Hoje, já não ri tantas vezes.
O corpo está cansado.
As dores roubam-lhe a alegria aos poucos.

Chora mais vezes.

Quero acreditar que são as saudades.
Que esteja doente delas, assim como eu.


Já adulta ainda tenho mais orgulho nele.
Sem o meu avô eu não era o que sou.
Já falta pouco...

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelo blog xana! ;) este post tb m fez lembrar os meus avós :)

bjs
carlão

Anónimo disse...

ó xana gostei muito da parte do «doente de saudades». fez lembrar o pessoa =)

caramelo

Anónimo disse...

fogo quase que ia chorando! pois já não tenho os eus avos paternos com fui criado e passei toda a minha infencia, ao ler fiquei com uma sencação estranha. mais umas linhas e desatava a chorar! :)


Bruno Z